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Alagoas Território Livre

Pelé: se for o melhor do mundo, melhor não ser brasileiro

Sempre haverá alguém, guiado pelos interesses do imperialismo, para convencer o brasileiro de que ele não deve ter orgulho daquilo que fez


Por: Henrique Áreas de Araujo, no DCO:

Hoje, dia 23 de outubro, o “Rei do futebol”, Edson Arantes do Nascimento, ou simplesmente Pelé, completa 80 anos de idade. Pelé não deve ser apenas homenageado como o maior jogador de futebol de todos os tempos. Pelé é mais do que isso, ele é um gênio da arte que ainda vive entre os meros mortais.


O brasileiro inventou uma nova arte ao transformar o futebol vindo da Europa. Deglutiu-o, inventou uma nova maneira de jogar que acabou exportando de volta aos europeus já como um novo tipo de atividade. Esse é o futebol arte.


Pelé é o ponto mais alto onde se chegou essa arte. Ele é a síntese do que havia sido criado até ali pelo povo brasileiro, negro e pobre, que se tornou o dono do mundo justamente no esporte mais popular do planeta.


Pelé e sua geração têm ainda outra importância. O Brasil, pelo menos desde o final da década de 30, mas certamente a partir da década de 50, já era o melhor futebol do mundo. Mas para se impor indiscutivelmente, o brasileiro teve que enfrentar a resistência do imperialismo internacional, que sempre achou e ainda hoje acha inconcebível que um país atrasado, pobre e negro dominasse o esporte. Foi Pelé e sua geração, a partir da conquista na Suécia em 1958, que abriram o caminho para que o Brasil definitivamente se tornasse o melhor futebol do mundo.


Tudo isso é verdade, tudo isso, copiando o que dizia Nelson Rodrigues em suas crônicas esportivas, é o “óbvio ululante” do futebol brasileiro. No entanto, nada é assim tão simples.


O futebol brasileiro e o próprio Pelé enfrentam uma dúvida constante. Não há ocasião em que o “óbvio ululante” não seja contestado de alguma maneira. A imprensa burguesa, sucursal dos interesses imperialistas, ao mesmo tempo em que faz demagogia e bajula, reforça a ideia de que o domínio brasileiro não é do jeito que se diz. O brasileiro parece ser forçado a ter desconfiança de sua Seleção, de seus melhores jogadores e até do maior gênio de todos os tempos, Pelé.


A esquerda pequeno-burguesa, justamente por ser de classe média, repete a propaganda imperialista e serve como correia de transmissão da ideologia imperialista contra o futebol brasileiro.


Uma conclusão deve ser tirada dessa luta pela afirmação do futebol brasileiro: se for o melhor do mundo, melhor que não seja brasileiro. Pelé é brasileiro e negro, não basta ser o gênio da bola, sempre haverá alguém para compara-lo com outro, por mais que possa ser uma desonestidade intelectual qualquer tentativa de comparar Pelé com outro mortal.


Essa situação de Pelé e do futebol brasileiro lembra muito a de outra figura histórica do País que tem importância internacional. Alberto de Santos Dummont colocou, também no dia de hoje, em 1906, a primeira máquina a alçar vôo sozinha e percorrer alguns metros acima do solo. Santos Dummont inventou o avião, quis o destino que no mesmo dia em que nasceu Pelé.


Mas assim como Pelé, o imperialismo se esforça por apagar a importância do inventor brasileiro. Como seria possível que os norte-americanos, esses seres mais superiores do mundo, fossem ultrapassados por um brasileiro? E assim, inventaram que foram outros que inventaram o avião.


Se for o melhor do mundo, não seja brasileiro!

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