Por Moisés Mendes, em seu blog:
A festa de Neymar em Mangaratiba seria o acontecimento da pandemia. As novas celebridades nacionais fariam o que a velha grã-finagem nunca se animou a fazer.
Em tempos idos, eram os ricos bem-nascidos ou seus imitadores que faziam as grandes festas que todos gostariam de ir.
Em tempos de pandemia, são um jogador e seus amigos novos famosos, consagrados pela música das sofrências ou pelas artes do Instagram ou do Youtube, muitos dos quais a gente nem sabe que existe.
A gente é, genericamente, qualquer um que esteja desconectado dos novos mundos das celebridades reais e virtuais, e eu sou um deles, dos desconhecedores desse mundo.
Disseram que a maioria dos famosos convidados de Neymar é desse mundo em que a todo momento surge um novo famoso influenciador de alguma coisa. Conquistam-se hoje as mais variadas famas.
Mas o réveillon foi cancelado. Não saiu porque as reações constrangeram não só Neymar, mas os convidados. Quem fosse na festa ficaria marcado não como negacionista, mas como imbecil.
Só alguém sem uma assessoria de imagem, mesmo que amadora, iria à festa da morte em Mangaratiba.
Diziam e repetiam que só um idiota correria o risco de se infectar, de voltar para casa e infectar parentes, só para poder dizer que esteve na festa e que tirou uma foto com Neymar.
Só uma anta do mundo do novo mundo do entretenimento real e virtual iria a uma festa que já havia garantido o lugar mais alto no pódium de todas as idiotias festivas cometidas durante a pandemia.
Pois 500 celebridades ou subcelebridades ou amigos delas estavam a caminho da festa ou já haviam chegado à mansão de Neymar, quando o jogador decidiu suspender tudo.
Neymar não previu as reações? Ninguém o alertou? Ele subestimou os alertas? O que importa é que a festa não acontece mais.
Perdemos a chance de saber quais seriam os famosos presentes. A grande farra da pandemia ainda está por acontecer, com outras celebridades, em outro lugar, com outros convidados.
Neymar se refugiou em Balneário Camboriú e falhou como o cara que conseguiria reunir 500 amigos famosos e seus amigos não famosos na mansão de Mangaratiba.
O negacionismo precisa de outro exibicionista mais convicto e mais valente. Neymar é um negacionista frouxo.
(E o que farão com os canapés, ou não se serve mais canapé em festas de arromba? Ou nem se fala mais em festa de arromba?)
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