Por Gustavo Marinho, no site do MST:
Uma verdadeira marcha de solidariedade ocupou o Centro da Cidade de Atalaia na tarde de ontem (15). Dialogando com a população, camponeses e camponesas doaram cerca de cinco toneladas de alimentos, reafirmando o papel e a importância da Reforma Agrária Popular e contra o despejo das famílias do Acampamento Marielle Franco.
Banana, macaxeira, abóbora, batata… A doação levou para a cidade um pouco da fartura produzida pelos Sem Terra na região, na defesa da permanência das 120 famílias que sofrem ameaça de despejo do acampamento Marielle Franco por parte da prefeitura da cidade.
“A prefeitura tenta justificar a expulsão das famílias da terra para montar um polo industrial para gerar emprego e renda para o povo de Atalaia. Nós hoje estamos trazendo a demonstração viva de que a agricultura camponesa e familiar também é um caminho para o desenvolvimento da cidade: gera emprego, renda e acaba com a fome da população”, destacou Margarida da Silva, da Direção Nacional do MST.
Esse é o segundo mutirão de solidariedade a partir da doação de alimentos realizado pelas famílias do acampamento Marielle Franco, que vem sofrendo uma série de ataques por parte da prefeitura de Atalaia no último período, que suspendeu o abastecimento de água do acampamento. Dessa vez, as doações vieram de diversas áreas de acampamentos e assentamentos da Reforma Agrária da região, numa demonstração coletiva do papel da agricultura camponesa.
“Além de ameaçar a vida das famílias acampadas que ficam sem água no meio de uma pandemia, a gestão municipal continua fazendo a movimentação jurídica para retirar as famílias da terra”, comentou.
De acordo com Margarida da Silva, a postura da prefeitura que está sob comando de Ceci Rocha (PSC) é uma verdadeira demonstração da irresponsabilidade do município com os camponeses e camponesas. “A prefeita se elegeu com um discurso de acolhida, de mudança, de valorização da agricultura camponesa… Mas hoje reproduz a mesma lógica coronelista que marca a história de Atalaia com seus antigos gestores”.
“Apesar de tudo isso, nossa demonstração de solidariedade hoje é muito maior que as maldades comandadas pela prefeita. Enquanto ela quer retirar o sonho e sustento de 120 famílias, nós estamos aqui partilhando alimento saudável em um momento que a sociedade inteira vive uma crise e é por muitas vezes desamparada pelo Poder Público”, concluiu.
A resistência do acampamento Marielle Franco vem tomando o mundo nas últimas semanas. Desde o protesto dos acampados e acampadas pelo abastecimento de água, uma série de apoiadores e apoiadores vêm manifestando solidariedade às famílias Sem Terra de Atalaia.
“Poder contar com a solidariedade e com o abraço coletivo de diversas pessoas em todo o país e até mesmo fora do Brasil, das diversas entidades e organizações amigas do MST, dos diversos artistas que colocaram sua arte à disposição da resistência do acampamento Marielle, é fortalecedor”, ressalta Débora Nunes, da Coordenação Nacional do MST.
Além das inúmeras notas de apoio e solidariedade ao acampamento, uma série de iniciativas também ocupou as redes sociais pressionando a prefeitura para retomar o abastecimento de água das famílias acampadas.
“Nossa luta continua firme na defesa da vida, da terra e da justiça social. Enquanto querem nos intimidar e ameaçar, ocuparemos as redes e as ruas partilhando esperança”, concluiu.
*Editado por Fernanda Alcântara
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