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Alagoas Território Livre

Lula reconstrói a hegemonia da esquerda no Brasil

Por Emir Sader, no site 247:

O momento mais importante da história política brasileira até aqui foi o governo Lula, em que a esquerda teve a possibilidade de, pela primeira vez, governar o Brasil e começar a colocar em prática o projeto que tem para o país. O fato do Lula ter saído do governo com 87% de apoio – apesar de ter 80% de referências negativas na mídia -, mostrou que, pela primeira vez também, a esquerda tinha conseguido ser hegemônica no Brasil. O que isto significava? Que tinha colocado em prática um projeto de governo para o país como um todo, incorporando praticamente a todos os setores sociais, com privilégio para os mais necessitados, para os mais pobres – que foram, de longe, os que mais melhoraram suas condições de vida. Isto, num marco nacional, que contemplava a todos os setores comprometidos com o desenvolvimento econômico e a distribuição de renda – o eixo fundamental das políticas do governo e razão central do seu sucesso.

O discurso do Lula conquistava consenso nacional. Ninguém poderia se opor a um modelo de desenvolvimento que fazia a economia crescer e distribuia renda, ao mesmo tempo que criava empregos. A imagem do Brasil no mundo nunca foi tão positiva. Nunca um líder político brasileiro foi tão respeitado no mundo e se transformou em um líder político e estadista de prestígio mundial. Para implementar essas políticas, Lula organizou um bloco de forças políticas e sociais, com um caráter antineoliberal, com hegemonia da esquerda. Mesmo com o eixo da economia no capital financeiro, se conseguiu impor a retomada dos investimentos produtivos na economia, com ampliação do mercado interno de massas, em que o Nordeste e o mercado de consumo popular, em geral, tiveram um papel central. Nos seus contatos, reiniciados em Brasília, passando pelo Rio de Janeiro e continuados no Nordeste, Lula trabalha para recompor o amplo bloco de forças anti-bolsonaristas, que lhe permitam se eleger e colocar em prática uma política de resgate da democracia, de retomada do desenvolvimento econômico e de políticas sociais de distribuição de renda.

Os contatos que o Lula desenvolve se dirigem para a unidade da esquerda, o fortalecimento dos movimentos sociais – tanto os tradicionais, como os das novas lideranças comunitárias das periferias das grandes cidades -, e o estabelecimento de alianças com todos os setores democráticos, anti-bolsonaristas. Pela primeira vez a esquerda é a força predominante, através da liderança do Lula e do PT, para comandar uma transição democrática. As forças que o Lula reúne são todas contra o Bolsonaro, contra seu regime autoritário, em princípio pela restauração democrática.

Dentre elas, as da esquerda, além disso, são anti-neoliberais. Se opõem ao modelo predominante ainda no mundo, que privilegia o capital financeiro, a especulação financeira, as privatizações, a prioridade dos ajustes fiscais. São a favor da prioridade das políticas sociais, da retomada do crescimento econômico baseado no capital produtivo, na expansão do mercado interno de consumo de massas, nas políticas de distribuição de renda e de combate às desigualdades.

Só um bloco amplo permite a derrota do Bolsonaro e do seu bloco no governo, entre os quais os militares têm um papel fundamental. Só a força do bloco de esquerda permitirá que a redemocratização permita também a superação das políticas econômicas neoliberais. Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

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