No DCO:
Nesse momento de que se discute a formulação dos integrantes de uma próxima chapa presidencial de Lula deve-se ressaltar que a esquerda deve reivindicar um vice-presidente popular. A discussão surgiu no momento em que alguns setores já propuseram candidatos a vices que não representam a luta popular ou a luta contra o golpe de Estado.
Em primeiro lugar, Lula e a esquerda brasileira devem lançar imediatamente a candidatura do petista, justamente porque ela não é garantida. A situação política e social, na verdade, já demonstrou que será necessário travar uma luta para que essa candidatura se consolide. Quer dizer, a partir do momento em que os direitos políticos de Lula estão vigentes, a esquerda deve aproveitar a situação e lançar candidato o ex-presidente e deixar claro que política defenderá até 2022.
As manobras que o monopólio de imprensa burguesa já está fazendo, de que Lula é rejeitado pela população, que Lula é culpado mesmo que a Lava Jato tenha sido uma completa fraude jurídica, se trata, na realidade, de uma campanha pra inviabilizar a candidatura do ex-presidente no futuro. Há a possibilidade da direita poder se mobilizar, pressionar o Supremo Tribunal Federal, entre outras opções, para procurar impedir que a esquerda lance Lula candidato novamente.
Deve-se esclarecer que o funcionamento da burguesia é deixar muitas janelas abertas para se tomar posteriormente as decisões, isto é, ter várias opções diante de situações diversas. Por exemplo, tomaram a decisão agora sobre a operação golpista Lava Jato e sobre o juiz golpista Sérgio Moro, mas a decisão diz respeito a algo que vinha sendo reivindicado há vários anos pelos advogados da defesa do ex-presidente.
Por outro lado, na discussão sobre quem será o candidato a vice-presidente na chapa presidencial, a esquerda também deve se posicionar.
Apesar de aparentar que o vice-presidente é apenas uma decoração na chapa, se trata, no fundo, de uma sinalização do tipo de governo que será feito caso a chapa seja eleita. Por exemplo, quando Lula foi eleito pela primeira vez seu vice foi um grande empresário, isto é, informando que tipo de governo seria feito dali em diante pelo então presidente eleito.
O vice serve ainda aplicar um golpe de Estado caso seja necessário. Michel Temer (MDB), neste sentido, cumpriu sua função de vice-presidente e teve participação ativa no golpe de Estado de 2016 contra a presidenta Dilma Rousseff (PT). Depois de derruba-la, juntamente com todos os outros golpistas, imediatamente ocupou seu lugar e determinou o rumo político contrário ao governo eleito.
Neste momento, em que a candidatura de Lula será o contraponto ao golpe de Estado, ou seja, terá de ser imposta através da mobilização popular, o candidato a vice-presidente também deverá ser um representante da luta dos trabalhadores e do povo brasileiro contra o regime golpista imposto desde 2016.
A indicação de um empresário, como já foi proposto por alguns setores, indicando a empresária da rede de lojas de varejo Magazine Luíza, para vice será uma desmoralização muito grande e indica um acordo com a burguesia.
A esquerda que defende a candidatura de Lula deve reivindicar um candidato a vice que represente também a luta contra a direita, contra o regime golpista imposto, contra os militares, isto é, contra o golpe de Estado de conjunto e suas medidas.
Uma pessoa destacada de algum dos movimentos populares existentes deverá ser o vice. Isto é, representará, servirá como símbolo para o povo brasileiro, alguém que saiu das fileiras da classe operária, dos movimentos sem-terra, do movimento popular.
Será uma sinalização do que a chapa defenderá frente a situação política atual.
Um líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), por exemplo, representará para o conjunto do povo brasileiro como uma chapa que lutará pela reforma agrária, contra os assassinatos no campo e a luta contra o latifúndio.
Já um representante dos petroleiros, por outro lado, poderá representar a luta contra a privatização da Petrobras, a luta pela soberania nacional. Um representante operário poderá representar
Em resumo, a chapa deverá ser em seu todo uma representação da luta contra o golpe de Estado e as medidas impostas pelos golpistas desde que tomaram de assalto o governo brasileiro.
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