Por Kiko Nogueira, no DCM:
Se Eliane Cantanhêde não existisse, seria preciso inventá-la.
Em sua coluna no Estadão, a jornalista tucana faz um apelo.
“O presidente Jair Bolsonaro está esfarelando e, se a eleição fosse hoje, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria eleito no primeiro turno, segundo o Datafolha. Lula, portanto, já é o grande vitorioso”, escreve.
“É hora de reagir à ameaça de golpe com um golpe de mestre espetacular, de enorme grandeza, abrindo mão da cabeça de chapa e assumindo a vaga de vice numa chapa de união e pacificação nacional. Um gesto para a história à altura da sua biografia e do grande líder que ele é.”
O problema é a “polarização”, diz ela.
Cantanhêde não tem coragem de citar o modelo argentino desse pacto, a chapa Fernández/Cristina Kirchner.
“Lula terá 77 anos em 2022 e 81 em 2026. Nada mal. Ele, porém, teve uma vida difícil e tem sérios problemas de saúde, além de… viver um novo amor. O que ganharia assumindo a rotina de presidente, com críticas, pedradas, cargos, reuniões e chateações? Não lhe convém mais o papel de garantidor, de avalista para o mundo de que o Brasil está nos eixos da democracia, busca estabilidade e quer avançar, não retroceder?”, questiona.
“Aguardam-se os grandes gestos dos grandes líderes.”
Biden tem 78 anos. “Sérios problemas de saúde” é muito baixo nível. Eliane sugere ao ex-presidente que vá namorar.
Depois de ser alijado da disputa por um juiz ladrão em 2018, passar 580 dias na prisão, sair sem indenização, voltar a liderar as pesquisas para 2022 — Cantanhêde manda Lula ser escada de alguém, de preferência, escolhido por ela.
O tom é de chantagem: ou isso ou a Lava Jato de volta.
Que tal o Moro? Na bunada não vai dinha?
Cantanhêde deveria se olhar no espelho e se perguntar o que perguntou a Lula: por que ela não se aposenta?
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