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Alagoas Território Livre

Eleições 2022: está em marcha um golpe contra Lula

No DCO:

Estamos nos últimos dias de 2021, num momento em que a esquerda nacional decidiu abandonar as mobilizações populares, entrar de férias e entrar de cabeça na política puramente eleitoral, com negociações e movimentos para formação dos tais arranjos políticos, numa política que exclui completamente a participação popular.


Um tipo de política que tem muito mais a ver com a ação criminosa da direita, que através do poder econômico corrompe do sistema político, e faz a esquerda praticar e ser reconhecida pela classe trabalhadora exatamente por tocar o mesmo tipo de política da direita, ou seja, tornar o campo político em que a classe trabalhadora deveria prevalecer, com a ação das massas, num campo impregnado pelas negociações, não dos interesses de classe, mas pelos interesses de grupos e indivíduos específicos e pior, com a burguesia e seus agentes políticos.


O que é Alckmin na candidatura de Lula


Nas últimas semanas de 2021 toda a classe trabalhadora vem assistindo a uma dessas grandes negociatas envolvendo o único candidato à presidência que realmente possui o seu apoio, o ex-presidente Lula, o qual vem sendo pressionado pela direita e pelos setores mais direitistas da esquerda a aceitar como candidato à vice-presidência o tucano e golpista, Geraldo Alckmin. Uma figura que foi das principais na articulação do golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff em 2016, que foi um dos piores governadores de São Paulo, que por 8 anos reprimiu servidores públicos, estudantes e trabalhadores de outras categorias com uma brutalidade inacreditável através da PM, ao protestarem contra cortes de salário, más condições da educação no Estado, aumento dos custos de vida, como dos transportes.


A “folha corrida” de Alckmin é extensa, assim como de qualquer político do PSDB que chega ao comando do poder executivo, mas no seu caso há um agravante. Ele foi governador do maior Estado do país e que possui o maior PIB, a maior quantidade de trabalhadores. Um Estado que gera riqueza mais do que a grande maioria dos países do mundo. Mas, o que vimos de resultado de sua política à frente desse colosso foi, o aumento da pobreza, de moradores de rua, de desempregados, de desinvestimentos em diversos setores fundamentais da economia como na indústria pesada, na saúde, na educação, no bom funcionamento do Estado, na infraestrutura de águas e energia, gerando racionamentos constantes. Por outro lado, se ampliou o gasto público com as polícias, o que é o maior responsável pelo aumento constante de mortes em ações policiais, o aumento nas privatizações e entrega do patrimônio público, o aumento dos custos de vida e piora dessas condições para a população pobre.


Com este “belo cenário” não é possível vislumbrar nenhum ponto positivo que possa ser considerado pelos “gênios” estrategistas da esquerda para justificar a aceitação de Alckmin como vice de Lula. Não é possível vislumbrar, porque realmente não há nenhum benefício, pelo contrário, colocar um político burguês historicamente comprometido com os interesses da burguesia nacional e internacional, é uma das mensagens mais claras que qualquer trabalhador enxerga há quilômetros de distância e que gera expressões como: “pra quê Lula precisa dele? O que tem a ver Lula com Alckmin? O PT não aprendeu com Michel Temer? O PT vai fazer esse tipo de aliança novamente pra quê?”


Perguntas que deixam muito claro o ânimo da população com a entrada de um golpista na candidatura do Lula. Mas, aqui destacamos a pergunta final, a lembrança ao golpista do PMDB, Michel Temer, e assim como a experiência golpista ainda vivenciada pela classe trabalhadora entender, deixamos claro: trata-se de uma via de golpe contra a candidatura de Lula.


A presença de Alckmin na chapa de Lula, que é uma ação pensada e bancada em primeiro lugar pela burguesia internacional (imperialista), visa introduzir a via golpista na candidatura do Lula.


O sinal que vem do Chile


A recente eleição de Gabriel Boric tem vários elementos que levam a um aprendizado para as lutas populares no país contra o golpismo, mas no caso específico eleitoral, destacamos que Boric é um elemento praticamente escolhido pela burguesia nacional e internacional para impedir o completo desmoronamento do regime político chileno.


As gigantescas mobilizações populares que tomaram as ruas do Chile em 2019, que tinham como reivindicação principal o fim do governo de Sebastian Piñera, um vassalo do imperialismo, e de sua política neoliberal, acabaram por ser abafadas e controladas pelas forças políticas de direita e pela esquerda completamente submissa a uma política orientada de Washington (EUA), agora cada vez mais clara.


A eleição de Boric, que está sendo aclamada pela imprensa burguesa local e internacional, tem como objetivo arrefecer a insatisfação popular com as décadas de destruição e espoliação da política neoliberal no país, mas mantendo o controle da direita e, em última instância do imperialismo, sobre regime político em frangalhos. Desde o início da campanha Boric deixou claro que não pretende atuar contra os interesses da burguesia dominante, não pretende atender às reivindicações de povos massacrados no interior do país, acossados por mineradoras e agroindústrias, não pretende conceder liberdade aos mais de 1 mil presos políticos, não pretende externamente em apoio aos governos nacionalistas de Cuba, Venezuela e Nicarágua, não pretende desfazer os nós da constituição pinochetista, ou seja, será um presidente que manterá intacto os pilares da política neoliberal, utilizando grandes doses de demagogia com através da política identitária com as mulheres, com os LGBT, com os índios etc.


O sinal claro que recebemos com o apoio da burguesia nacional chilena e a burguesia imperialista são que candidatos nacionalistas, que busquem atender a interesses da classe trabalhadora, não serão aceitos no subcontinente (América Latina) de forma alguma. E os métodos utilizados – como no caso do Chile, em que uma gigantesca mobilização popular e seus reais líderes foram excluídos da corrida eleitoral – serão todos que estão à sua disposição, envolvendo aí golpes militares, compra de políticos da esquerda, infiltração de elementos direitistas na esquerda, além das vias tradicionais como a mudança de legislação eleitoral, repressão Estatal, exclusão de candidaturas e da participação popular etc.


Um golpe está se formando


A grande pressão que estamos vendo ser feita pela burguesia para empurrar Alckmin para dentro da candidatura de Lula, já faz parte do jogo pesado e sujo que será utilizado em larga escala para impedir que Lula se torne presidente novamente e que, caso não consigam impedir a sua vitória, forme um governo que atenda aos interesses dos grandes capitalistas internacionais. E além, a forma como estão fazendo essa operação, excluindo qualquer participação popular no processo – como impedir que haja uma votação das bases do PT sobre Alckmin e as articulações com a direita – se configuram um verdadeiro golpe contra população, haja vista que Lula não é qualquer candidato. É a única liderança política nacional realmente popular, com autoridade junto à população (leia-se classe trabalhadora majoritariamente).


Outro aspecto que devemos citar é a política oportunista e abertamente sabotadoras da candidatura do ex-presidente Lula, tocadas praticamente por toda a esquerda. Ao mesmo tempo que toda a direita nacional e a esquerda pequeno-burguesa entram de cabeça na política eleitoral, ao invés de fazerem o óbvio para derrotar a direita e as ameaças golpistas, que seria apoiar integralmente a candidatura de Lula e começar o trabalho já, pelo contrário, aparecem “mil e um obstáculos” a um apoio real, não só de discurso, a Lula e também florescem propostas que em última instância servem para enfraquecer a candidatura de Lula.


Tanto PCdoB, como PSOL, PCB e o próprio PT, vem “discutindo arranjos locais”, para candidaturas a governos estaduais, para senadores e outros, como condicionantes a um apoio à candidatura de Lula. O que deixa claro que combater a direita pela via mais óbvia e forte que a classe trabalhadora possui para as eleições, não prefere discutir interesses próprios, interesses menores, que no final das contas pouco importam para a população pobre, pois eleger um deputado, senador ou governador, enquanto a direita serviçal do imperialismo estiver na presidência não vai significar nada. Mas sim, mais quatro anos de um governo neoliberal e de ataques à classe trabalhadora.


A luta para que cheguemos a um futuro governo Lula já está em curso e vai exigir inevitavelmente uma grande participação popular. O regime golpista que se formou desde o golpe de 2016, não vai ser desmontado por manobras eleitorais de curto impacto, mas somente poderá ser abalado e desmontado através de uma intensa pressão popular nas ruas, que irá inclusive desmontar todo o aparato de manipulação eleitoral que está se formando para impedir a eleição de Lula.


Essa inevitabilidade da ação popular, pode não ser entendida pela esquerda parlamentar, pelos setores burocráticos que estão acostumados à política de gabinete, à política de articulações palacianas, mas é plenamente compreendida e professada por trabalhadores nas ruas, que não enxergam alternativa nenhuma no regime político atual completamente em ruínas e desacreditado. Através de Lula a população vê a única alternativa, a única possibilidade de o Estado lhes favorecer minimamente.


Por isso, não há o que se “inventar” é preciso utilizar a candidatura de Lula para permitir as massas operárias atuar novamente no regime político, desmontando o esquema golpista.

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