O deputado Chico Alencar abraçou, no Twitter, a “autocrítica”, chamada por ele de “uma saudável tradição da esquerda”.
“Ao longo da História, TODOS cometemos erros. Reconhecê-los é importante meio de superação e renovação. A direita oligárquica e satisfeita com o status quo é que nunca se revê”, completou.
Chico estava repercutindo uma notícia da Folha em que Lula defendia que “o PT não tem que fazer autocrítica”.
O que Chico e cia. esperam é submissão. Subjugação. Não é reflexão pelos equívocos. É autoflagelo.
A direita não faz porque está sempre esperando que a esquerda se dobre diante dela.
De FHC, entre outros, isso não é jamais cobrado.
O que se espera é que Lula cubra a cabeça de cinzas, se humilhe, ajoelhe no milho e implore perdão pelo que fez e pelo que não fez.
Por ter nascido, por ter vivido e por ter virado presidente.
A ideia é exatamente essa: dar ao inimigo a superioridade moral, eventualmente religiosa, para avaliar se perdoa Lula.
Nunca será suficiente.
Ainda que ele admita que saqueou o Louvre com Ronald Biggs, ele nunca será “perdoado”.
Lula é culpado desde que saiu de onde não deveria ter saído.
Autocrítica é pessoal e intransferível.
Antes de cobrar que os outros a façam, é fundamental que o sujeito a exerça.
Como lembrou Jean Wyllys, o PSOL vai se arrepender publicamente de parte do partido ter apoiado a Lava Jato? Luciana Genro morreu, mas está viva.
Chico já abriu o coração sobre a noite em que beijou a mão de Aécio numa festa de Noblat em que Temer era a grande estrela?
Rapapé, aliás, que fica a cada dia mais parecido com o Baile da Ilha Fiscal, que enterrou o Império.
“Você tudo bem, mas Renan e Jucá, não”, derramava-se Alencar para o tucano.
Chico — e tantos outros — precisam acertar as contas com a sua consciência antes de mais nada.
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