Após Evo Morales anunciar, no domingo 10, sua renúncia à presidência da República da Bolívia após pressão da oposição e dos militares, um vazio tomou conta do poder no país. Além de Morales, todos os outros que poderiam assumir em seu lugar – vice-presidente da República, presidente do Senado e o presidente da Câmara dos Deputados – também deixaram o cargo.
Desde então, o país estava sem um comando oficial em meio a uma grave crise institucional. Até que na noite desta terça-feira 12, surgiu um novo nome: Jeanine Áñez. A senadora, que é também segunda vice-presidente do Senado, convocou uma sessão legislativa e, sem quórum suficiente, se declarou presidente do país.
Mais tarde, o Tribunal Constitucional do país concordou com a reivindicação, reconhecendo Jeanine como chefe do executivo. A parlamentar assumiu o cargo prometendo convocar novas eleições o mais rápido possível e recebeu a faixa presidencial segurando uma Bíblia em suas mãos.
“Assumo de imediato a presidência e me comprometo a tomar todas as medidas necessárias para pacificar o país” disse ela.
Segunda mulher a comandar a Bolívia
Jeanine é advogada e tem 52 anos. Ela nasceu em Trinidad, Departamento de Beni e foi eleita senadora em 2010 pelo partido do Plano Progresso para a Bolívia – Convergência Nacional (PPB-CN), oposição ao governo de Evo Morales.
Ela será a segunda mulher a comandar a Bolívia – entre 1979 e 1980, o país teve como presidente Lidia Gueiler Tejada, que foi derrubada por militares.
A nova presidente foi uma das responsáveis por escrever a Constituição do país. Em 2006, quando era apresentadora de TV na cidade de Trinidad, Jeanine se candidatou ao cargo de parlamentar da Assembleia Constituinte, que redigiu a
Em 2010, foi eleita como senadora e reeleita em 2015. Seu marido, Héctor Hincapié Carvajal, é um político conservador da Colômbia.
“Estou praticamente há dez anos fazendo oposição e não podemos dizer que estávamos em uma democracia plena. Não se pode falar de democracia quando há perseguidos políticos, quando há exilados políticos, quando a institucionalidade democrática é inexistente no país, quando não se respeita a Constituição”, declarou a senadora na segunda-feira 11.
Em uma entrevista depois de assumir como presidente, ela atacou a esquerda: “Assim são os socialistas: usam mecanismos democráticos e se aferram ao poder, e depois enganam a gente, cooptam instituições, acaba a institucionalidade democrática”.
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